Juventude Missionária realiza missão no sertão cearense


As Pontifícias Obras Missionárias (POM) em parceria com a Arquidiocese de Fortaleza (CE) promoveram, de 12 a 22 de janeiro, a II Missão Sem Fronteira. A experiência missionária reuniu em Itapebuçu, distrito de Maranguape, sertão do Ceará, 100 jovens missionários de 21 estados do Brasil e representações das POM do Paraguai.

O lema do encontro “Tens um longo caminho a percorrer” (1Rs 19, 7) memora os 10 anos de caminhada e articulação da Juventude Missionária no país. A experiência missionária reitera a metodologia construída na primeira edição, ocorrida em janeiro de 2016 na cidade de Ananindeua, região metropolitana de Belém, Pará. Além das visitas realizadas pelo grupo de missionários as casas dos moradores dos seis setores que reúnem 37 comunidades de comunidades, os missionários realizarão oficinas a partir das temáticas “Saúde Comunitária”, “Cidadania e Direitos Humanos” e “Educação Ambiental e cuidado com a Mãe Terra”.

A experiência missionária assume em sua metodologia o desejo de uma Igreja em saída, que caminha até as periferias, realidades onde a vida é sofrida”, recorda Guilherme Cavalli, membro da coordenação. “Optamos pelo sertão no desejo de sermos presença de esperança e vida para aqueles e aquelas que fazem dos desafios suas lutas diárias. Desejamos estar perto daqueles que estão longe”.

Formação Missionária
Antes de serem distribuídos nas comunidades, onde permaneceram por oito dias, os jovens missionários ficaram dois dias em formação conduzidas por irmão Bruno Todtli, membro da Comunidade Taizé em Alagoinhas, Bahia. Para ele, “missão é estar atento as fatos do mundo e as juventudes necessitam estar provocados pelos fatos que ocorrem nas sociedades, as violações de direitos que nos envolvem. Quais são os acontecimentos que se repetem em nossas orações?”, questiona. “Juntos com os jovens buscaremos contemplar as realidades a partir de perguntas que nos inquietem”, ressalta o missionário suíço que viajou ao Brasil há 50 anos, convidado por Dom Helder Câmara.

Comunidade que acolhe
Localizada há 46 quilômetros de Fortaleza, capital estadual, a paróquia São Miguel Arcanjo é formada por 34 comunidade de comunidades e conta com coordenação do pároco padre Dimas Gonçalves Lima. De realidade rural, a paróquia é formada por aproximadamente 22 mil habitantes que trabalham, majoritariamente, com agricultura familiar.


Oficinas de promoção a vida
Na programação, além das visitações as famílias e atividades religiosas, os missionários desenvolvem oficinas com as temáticas “Cidadania e Direitos Humanos”, “Educação Ambiental” e “Saúde Comunitária”.

Membro da equipe de coordenação da experiência missionária, Guilherme Cavalli, lembra que a metodologia foi construída a partir das necessidades do distrito. “As oficinas foram pensadas após o mapeamento apontar as urgências das comunidades a serem visitadas. Tendo clareza das realidades, junto com as visitações os missionários dispõem de sua formação acadêmica para atender a população”, ressalta Guilherme Cavalli. “Pela segunda vez a Missão Sem Fronteiras assume dois eixos: Evangelização e Promoção da Vida. Com as oficinas desejamos recordar que a Missão da Igreja vai além da ação evangelizadora. Nosso compromisso como cristãos é também o cuidado com a humanidade, principalmente com aquelas realidades que estão mais suscetíveis a violação de direitos”.

Cidadania e Direitos Humanos - Natural de Ponta Grossa (PR), Rosangela Germski responsabiliza-se pela oficina de Cidadania e Direitos Humanos. Advogada e funcionaria pública, a paranaense integra a equipe de 10 missionários que visitam as comunidades para promover as oficinas. “A minha presença nessas realidades, de poder contribuir com o pouco que eu sei sobre as leis trabalhistas e as mudanças na previdência social, me realizaram. Percebi que o que dá sentido ao meu conhecimento é o fato de eu por ele a serviço das pessoas, foi isso que me realizou”, comenta a funcionaria do INSS. “Missão é trazer tudo o que eu tenho para fazer presente no meio do povo. Por a disposição das pessoas o meu conhecimento, a minha espiritualidade, a minha alma”, relata emocionada.


Saúde Comunitária - Enfermeira, a piauiense Solane Alves integra a oficina que trabalha no combate aos problemas inerentes a grupos populacionais. “As visitas missionárias nos permitem perceber uma escassez de políticas públicas na área da saúde. Diante dessas realidades, realizamos atendimentos prévios que contribuem na saúde da comunidade e evitam proliferações de doenças que muitas vezes são causadas por fatores que podem ser evitado”, esclarece Solane. “Ser missionário, além de plantar uma semente de esperança que é característica do Evangelho, é cuidar das pessoas para que elas atinjam seu equilíbrio, e não há harmonia espiritual se não existir também do corpo”.

Educação Ambiental - Solivan Altóe, ambientalista e coordenador da Juventude Missionária no Espírito Santo, trouxe a comunidade alternativas práticas e baratas. “Nos deparamos com as realidades que possuem dificuldade com as questões hídricas. Nossa oficina veio em direção a esse desafio enfrentado pela população. Trabalhamos então tecnologias que possibilitem a água estar mais adequada para o consumo, como técnicas de filtragem e tratamentos possíveis de serem feitos em casa”, comentou. “O reuso da água também foi preocupação da oficina, principalmente a de esgoto. Através da foça séptica biodigestora podemos reutilizar esses dejetos para que, em um realidade que possui escassez, aproveitemos a mesma água de diversas maneiras”.

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