Fé, oração, solidariedade e muitos sinais de Deus marcam encontro dos jovens da JM na Serra do Lenheiros (MG)


Lucas Silveira, coordenador do grupo da Juventude Missionária (JM) da Paróquia do Bom Jesus de Matosinhos, em São João Del-Rei (MG) , postou em sua página nas redes sociais um testemunho sobre a experiência vivida pela JM no dia 12 de outubro. Acompanhe:

No último final de semana eu, juntamente com mais 7 jovens integrantes da Juventude missionária da paróquia do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, vivemos uma experiência sensacional.Por  isso, mesmo nas correrias do quotidiano, reservei parte do meu tempo para dar este testemunho.

Foi no feriado do último sábado, 12, que nós da JM preparamos um encontro na Serra do Lenheiros para refletir sobre a Campanha Missionária deste ano, “Juventude em Missão” que tem como lema: “A quem eu te enviar, irás” (Jr 1, 7)". Assim como Javé convida e envia o jovem Jeremias, também fomos em busco da nossa vocação Missionária. O que nós não esperávamos, era que Deus tinha grandes sinais para nós.

Acordamos bem cedo (muitos do nosso grupo desistiram do passeio devido o horário inicial), com mochilas nos ombros e sacolas de balas para distribuir para as crianças que encontrássemos pelo caminho (em comemoração do dia da criança), pegamos o ônibus e partimos para a nossa missão.


Chegando lá, um grande obstáculo, o ônibus nos deixou em um lugar não esperado. “Para onde nós vamos?”, era a frase que eu mais ouvia. “Cá entre nós, como instrutor de caminhos eu sou péssimo. Vamos ter que contar com a sorte e com as benção de Deus”. Era o que eu respondia, já que não fazia ideia de como chegar no lugar que tínhamos como meta.

Vamos por aqui”. “Lucas, é por ali ...” Discordava Isabela do caminho que eu seguia, mas, mesmo assim, ela foi pelo mesmo lado que eu acreditava ser o certo. Realmente, eu estava errado (não completamente, já que o caminho também chegava no lugar, mas era mais longo e difícil), mas foi devido esse erro que deparamos com alguns “sinais” de Deus. Para muitos, tudo isso pode ter sido apenas “coincidências”, mas como não sou adepto ao “acaso”, acredito que Deus coloca diversas coisas no nosso caminho como um chamado. Basta estarmos com o coração aberto para sentir e perceber o seu chamado.

Logo no início da caminhada, encontramos com a Irmã Lusinea, uma missionária muito carinhosa, que esperava seu ônibus (que por ventura já estava vindo) e foi a primeira pessoa a pedirmos informações. Ela não sabia dar informações, afinal, ela não era daqui. Ia para uma nova missão e pediu até as nossas orações. Falou belas palavras sobre a Missão de evangelizador e a importância dos jovens neste trabalho. O papo estava bom, mas o seu ônibus havia chegado. Não houve muito tempo de diálogo, mas conseguimos tirar algumas fotos...


Prosseguimos o caminho, “estamos errados” indagou algum integrante do grupo. Vou pedir informações para alguém, informei. Dito isso, passou ao meu lado uma senhora, morena, com um terço colorido (missionário) rezando o pequeno rosário. Não tive dúvidas. “Senhora, onde fica a trilha que leva para a Serra? Não me lembro direito... Qual rua devo seguir?” Docilmente ela me respondeu: “Pode me seguir, moro na entradinha de lá, estou vindo da missa na Catedral do Pilar, é bom que vocês me fazem companhia. É tão bonito ver essa juventude em oração”.  “Gente, vamos voltar, estamos no caminho errado, é pelo outro lado!!!!” gritei sem comunicando. No caminho – agora certo – fomos conversando. Ela até me reconheceu. Gosta muito de acompanhar o programa Caminhos de Vida pela TV Campos de Minas. Pelo visto, agora chegaríamos no nosso destino.

Entramos em uma linha, subimos algumas pedras e deparamos com Luiz, um senhor, cansado cheio de sacolas no chão. “O senhor gostaria que nós o ajude a levar essas sacolas na sua casa?” pergunto Isabela. “Não precisa, moro um pouco longe daqui”, respondeu o senhor. “Para nós não há nenhum problema” respondeu a jovem já pegando uma sacola do chão. Um pega aqui, outra ali, todos os jovens já estamos com uma sacola nas mãos. “Nossa, agora eu até fiquei sem sacola para carregar” revelou Luiz, radiante de felicidade. “Que isso, o peso foi dividido. Cada um está com uma sacola. Nem faz a diferença para nós. Seria muito mais difícil o senhor carregar tudo isso sozinho. Já dizia o ditado, a união faz a força”, filosofei todo alegre, pois comecei a perceber que nosso trabalho ali, não era em vão.

Chegamos até a casa da senhora que nos acompanhava. “Muito obrigado pela sua companhia. Qual é o seu nome?” perguntou as meninas. “Aparecida” respondeu a senhora. Após despedirmos, paramos para refletir. Era dia 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida. Sem dúvida, Deus colocou uma “Aparecida” em nosso caminho para nos guiar e nos proteger. Emocionados, continuamos o caminho, afinal, iríamos levar o Sr. Luiz até a casa dele para depois voltarmos e subir uma estrada atrás da casa da Dona Aparecida, que nos leva até a Serra.

Continuamos nossa jornada. Neste momento, Marcos, Isabela, Bruna e Polyana, foi na frente com o Senhor Luiz, distribuindo balas e bombons para todas as crianças que encontravam. Logo atrás, eu, Luiza e Kleiton. Íamos conversando, até que encontramos um menino de bicicleta, todo feliz. “Você quer bala?” perguntou Luiza. “Sim”, respondeu o menino. Ao encher os bolsos do calção e da blusa de frio com balas e chocolates, tornou-se nítido a alegria da criança, que ficou estampado em seu rosto. Os olhos brilhavam e o nosso coração palpitava ainda mais forte. “Todas as crianças vão ganhar bala?” perguntou ele. “Todas que nós encontrarmos” respondeu Luiza. A criança, com olhar atento, respondeu de imediato: “Ali em cima tem várias crianças. Vão até lá, elas vão ficar felizes!” Essas simples palavras me comoveram. As vezes somos tão egoístas, mesquinhos. Realmente, as crianças tem muito o que ensinar para os adultos. Já dizia Jesus Cristo, "Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas. Digo a verdade: Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, nunca entrará nele" Lc 18,16-17.

Gabriel, o nome do pequeno, se prestou como o anjo que anuncia a boa nova. Guiando-nos, ele levou a todas as crianças do local uma alegria incondicional. Ficamos comovidos. O pouco que estávamos fazendo se tornava o diferencial da vida daquelas crianças. A alegria das mães em ver seus filhos radiantes com balas e bombons nas mãos não teve preço. Percebemos que não precisa de muito para fazer outra pessoa feliz. Basta o carinho e a atenção. “Amai o próximo como a ti mesmo”, já dizia Jesus. Destaque para o pequeno Davi. Ele me deu um abraço tão forte, mas tão forte, que não tenho palavras para fazer as devidas descrições.

Após as balas e as crianças, continuamos o nosso caminho. Foi neste momento que encontramos José, um cachorro carinhoso que nos fez companhia até a subida da Serra. Visitamos uma capela e um cruzeiro, e em seguida, partimos para o nosso encontro.


Começamos a subir a Serra e a cada cruz do caminho, realizávamos um encontro do roteiro proposto pelas POM para o mês missionário. Textos bíblicos, reflexões, comentários, informações sobre Missão além-Fronteira, orações e preces, fizeram parte destas pequenas reuniões ligadas a frase “A quem eu te enviar, irás”. No caminho, muita alegria, conversa e música. A cada passo, um motivo para celebrar a vida.

Chegando ao topo, o deslumbramento com a beleza natural. “Hoje, ficamos deslumbrados com tudo isso (Natureza), mas o certo não seria isso. Deus nos deu gratuitamente tudo isso, pena que o homem despreza a cada dia e realiza grandes construções”, ressaltei apontando para a cidade de são João del-Rei que estava ao fundo.

Em círculo, todos sentado no chão, comentamos sobre a experiência.vivida. Falamos sobre a juventude na igreja e a importância da missão de evangelizador. Marcos Paulo, leu um trecho do “You Cat” que por “coincidência”, abordou um assunto debatido entre nós, a entrega total da nossa vida para Jesus Cristo. Na frase de Santo Inácio de Loyola, o chamado de deus torna-se nítido.  “A maioria das pessoas não faz ideia do que Deus poderia fazer delas se somente elas se colocassem à Sua disposição.” Para nossa surpresa, na página do livro de catequese para jovem, o desenho de Moisés no Monte, e ao lado, a foto de uma Serra.


De olhos fechados e mãos dadas, cada um fez a sua prece. Em seguida, cantamos a música “Força e Vitória” de autoria da cantora Eliana Ribeiro. Uma sensação maravilhosa, afinal, o vento estava forte e "batia" em nosso rosto, nos dando uma proximidade ainda maior de Deus.

Após a experiência, chegou o momento de descermos a Serra. Uma falação incondicional tomou conta do espaço. Todos as pessoas que cruzaram nosso caminhos era calorosamente cumprimentada. Foi magnífico, bonito, belo, incondicionalmente maravilhoso. Tirando a parte da correria e dos gritos para pegar o ônibus de volta para casa.

Aos meus amigos da Juventude Missionária, um muito obrigado por ter participado comigo deste dia maravilhoso de missionário. Afinal, somos escolhidos por Cristo e enviados pelo papa Francisco.

Lucas Silveira


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