Diocese de Guarulhos/SP realiza 1º Congresso Missionário



Realizou-se no Centro Pastoral Diocesano, no sábado, 15 de setembro, o 1º Congresso Missionário Diocesano (CMD) de Guarulhos, SP. A partir do lema: "Vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos" (Mt 18, 29) e do tema: "As novas perspectivas da Animação e Ação Missionária no Brasil", cerca de 270 participantes entre sacerdotes diocesanos, religiosas, seminaristas e leigos, iniciaram o Congresso lembrando os 50 anos do Concílio Ecumênico Vaticano II. As palavras de João XXIII na noite de 11 de outubro de 1962 foram oportunas: "juntos vamos amar-nos uns aos outros: cantando, suspirando, chorando, mas sempre cheios de confiança em Cristo que nos ajuda e nos escuta". Os participantes rezaram, cantaram e pediram luzes e forças ao Espírito Santo para anunciarem e testemunharem o Evangelho de Jesus Cristo a todas as pessoas. A diocese de Guarulhos por mais de três décadas tem se empenhado através do Conselho Missionário Diocesano para criar os organismos missionários: Conselho Missionário Paroquial, a Infância e Adolescência Missionária e a Juventude Missionária.

Padre Salvador Brito, coordenador do Conselho Missionário Diocesano acolheu os participantes e mencionou que este evento deve ajudar todos os cristãos a assumirem a identidade missionária para servir o Senhor com alegria. A comemoração dos 50 anos do Vaticano II deve ajudar a sermos uma Igreja missionária mais alegre no anúncio do Evangelho e um farol para quem ainda não despertou para o seguimento de Jesus Cristo. Como Igreja devemos nos deixar guiar pela força do Espírito Santo para viver a missão como janela aberta e testemunhar a fé e a esperança aos homens nesta atual sociedade. É tempo de não nos fecharmos em nós mesmos, mas abrirmo-nos à ação do Espírito Santo.

Padre Francisco Veloso, coordenador da Pastoral diocesana de Guarulhos frisou que a missão vem de Deus. A pessoa batizada deve ser missionária. O Congresso Missionário Diocesano exige envolvimento e unidade, despertando a opção missionária em todos os batizados. Um encontro diocesano não deixa de ser de fraternidade e alegria, mas é a alegria que vem do espírito missionário. Assim, declarou aberto o 1º Congresso Missionário Diocesano.

O encontro foi assessorado pelo padre José Altevir da Silva, superior provincial dos missionários do Espírito Santo no Brasil. Inicialmente, ele convidou os participantes a olhar para Paulo como modelo de missionário dedicado ao anúncio do Evangelho aos gentios: "Ai de mim se não pregar o Evangelho!" (1Cor 9, 16). Três motivações são identificadas em Paulo: o senso de gratidão, de responsabilidade e de preocupação. Como estas três motivações podem nos ajudar a exercer melhor a nossa missão? Depois, padre Altevir falou da importância da mística missionária, ou seja, com que espírito o missionário parte para realizar a sua missão. Parte com uma espiritualidade missionária aberta para ser encarnada nos caminhos da humanidade, nos seus problemas e nas suas esperanças. Uma espiritualidade feita no caminho. Ao missionário cabe inserir-se neste amor de Deus para com todos, deixar-se conduzir por Ele, situar-se no coração de Deus que dirige e leva a sua vida para um serviço maior. O missionário é uma pessoa que transborda de felicidade porque caminha no Espírito Santo e nele confia. A tarefa da Igreja não é levar Deus, mas descobrir e fazer crescer a presença e ação de Deus onde ele for enviado. O papel do missionário é encontrar os valores que comprovam a passagem do Espírito pelo povo, antes de ter chegado lá. A Missão, mais do que todo esforço próprio do missionário, é fruto de uma experiência que se vive a partir do Espírito Santo, que sopra onde quer. É o Espírito em movimento que leva o missionário a ver tudo novo e diferente. Ele vai viver a sua missão que ultrapassa constantemente as fronteiras que separam etnias, culturas, religiões, além do abismo entre ricos e pobres. Seu coração será como o de Jesus: cheio de compaixão pela humanidade, revestido de paz e de amor. Terá um coração despojado de preconceitos e aberto à acolhida, à fraternidade e à solidariedade. Estará ao lado de quem luta pela justiça, e que viverá na insegurança. Terá uma vida construída a partir do cotidiano, do provisório, do dia a dia, na crua realidade dos acontecimentos. Padre Altevir deixou algumas perguntas inquietantes para todos nós que temos casa e que vivemos em nossas seguranças: Como recuperar a nossa disponibilidade, como viver na insegurança, como aprender a simplicidade de vida, a espontaneidade da oração, como fazer da vida uma oração? Vivemos uma crise de fé ou uma crise do DESEJO de falar do amor de Deus às pessoas? O missionário para responder a estas perguntas, deve ter a sua mística alimentada pela escuta diária da palavra de Deus e de uma oração pessoal e comunitária, que se traduz na prática da fraternidade e solidariedade. É necessário formar os discípulos numa espiritualidade da ação missionária, que se baseia na docilidade ao impulso do Espírito, à sua potência de vida que mobiliza e transfigura todas as dimensões da existência.

O segundo tema pretendeu apresentar algumas características de uma paróquia para que seja missionária, apoiando-se no Documento de Aparecida. Toda paróquia é chamada a ser o espaço onde se recebe e se acolhe a Palavra (DA172), que se renova através da Palavra de Deus e seja fonte dinâmica do discipulado missionário. A discussão questionou os vários modelos de Igreja para que ela seja missionária: em torno da pessoa do padre, ou centralizada no Conselho Pastoral Paroquial ou uma Igreja como comunhão de comunidades, que abre caminhos para que cada pessoa assuma de fato a missionariedade como condição essencial de todo batizado. Enfim "requer-se que todos os leigos se sintam corresponsáveis na formação dos discípulos e na missão" (DA 202), isto é, os melhores esforços das paróquias neste início do terceiro milênio devem estar na convocação e na formação de leigos missionários (DA 174). É necessário investir na formação de um laicato missionário para que seja maduro, autônomo, que realize a missão do anúncio do Evangelho com capacidade imaginativa e criatividade, dialogando com a sociedade a serviço da vida para todos e principalmente para os que sofrem.

O 1º CMD encerrou-se às 17h00 com a celebração eucarística presidida por dom Joaquim Justino Carreira, bispo de Guarulhos, que enfatizou a necessidade de sermos Igreja em estado permanente de missão, aberta, fraterna e acolhedora. Afirmou que a missão do cristão é tornar as pessoas felizes ao anunciar e testemunhar aos outros a mensagem de paz, de justiça e de misericórdia que os Evangelhos apresentam de Jesus. Cada participante recebeu um terço missionário e a benção do Envio Missionário.

O Congresso Missionário ajudou a rever as próprias motivações, os conceitos de missão, a linguagem e o olhar constante para que as práticas missionárias ajudem cada cristão a crescer no ardor missionário de anunciar o Evangelho, a Boa Nova do Reino de Deus.




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