As estruturas e seus desafios: Mutirões buscam soluções para um mundo secularizado



Na tarde desta sexta-feira, 13, a Vida e as experiências missionárias invadiram as salas do Colégio Marista de Palmas, no 3º Congresso Missionário Nacional. Os congressistas participaram de quatro mutirões de reflexão: Infância, adolescência e juventude Missionária; Leigos e leigas; Religiosos e religiosas; Ministérios Ordenados.

Padre Sávio Corinaldesi, Secretário Nacional das Pontifícias Obras Missionárias, coordenou o mutirão sobre os Ministérios Ordenados. O objetivo desse encontro foi discutir o significado do tema “Discipulado Missionário do Brasil para um mundo secularizado e pluricultural, à Luz do Vaticano II”, para o clero. Cerca de 50 participantes entre diáconos, sacerdotes e bispos, discutiram os desafios de um mundo secularizado. O Mutirão teve contou com a assessoria de padre Luís Sartorel, missionário Fidei Donum, atuante em Fortaleza – CE, padre Guido Labonté, missionário canadense que exerce o seu ministério em Manaus -AM e dom Esmeraldo Barreto de Farias, arcebispo de Porto Velho.

O mundo endoidou?”, perguntou padre Luís. “Ninguém entende mais nada, estamos em uma mudança de época ou época de mudança?”. Para o sacerdote, os valores estão mudando. É difícil encontrar respostas concretas. “Há uma História da Salvação que é a história da humanidade onde Deus se revela e nós estamos inseridos nela; isso não deve ser esquecido”.

Ao passar dos anos, como Igreja fizemos algumas escolhas e optamos pelo capitalismo e como consequência ganhamos o ateísmo. Muitas vezes, a Igreja toma posições políticas. Para evangelizar, é necessário se despojar do poder. Gostamos do poder, não pela política, mas, pela consciência das pessoas, precisamos nos despojar disso”, completou padre Sartorel.

Segundo o padre Guido, dentre tantas discussões, surge com muita força a teologia da prosperidade. Ela está presente na Igreja, nos grupos, nos movimentos. Para o missionário, é preciso abandonar a visão de um Deus que está ao nosso serviço.

O grupo foi dividido em doze equipes e, em plenária, partilharam as seguintes questões: O que identifica o ministério ordenado hoje, o que define essa realidade? Onde está o Cristo?

Percebeu-se que é necessário repensar as estruturas, o encontro pessoal e, depois, com o encontro com Cristo. Que tipo de apostolado deve-se viver o Verbo encarnado? A partir de que e de quem vamos viver? A missão não deve ser vista como um desgaste e sim como fonte, senão ela perde o sentido. O ministro ordenado precisa encontrar a fonte que o sustenta e o ilumina. Para exercer bem o ministério é preciso abrir-se ao exercício do saber escutar. Hoje, a missão nos pede a vivência da pobreza e da humildade.

É necessário trabalhar a autonomia das pastorais sociais, dando mais espaço aos leigos, pois, são eles que estão nas periferias, nos centros urbanos. É necessário estar por perto, ver as experiências concretas que os leigos estão fazendo. Para o padre José Geraldo, de Itabira- MG, não devemos ter medo do protagonismo dos leigos, pois somos cordeiros enviados no meio do povo e, ao mesmo tempo, devemos acreditar que todos podem ser missionários e viver a experiência de ser uma Igreja de cristãos verdadeiros.

Para converter as estruturas pastorais, eclesiais, é necessário se perguntar: qual é a formação que os seminaristas estão recebendo? Qual é a imagem da Igreja que se quer? O modelo deve ser da Igreja que é missionária, por isso é aberta, sai de si, deve se alargar, mas não esquecer que é preciso ter boas estruturas, disse dom Esmeraldo.

Dom Esmeraldo também questionou o Clero: como Jesus vivia e fazia? Jesus rezava, encontrava-se com o Pai. Será que nós fazemos isso? Esse é o desafio: estar ao redor da mesa, para falar, para se conhecer; a relação que você tem com o outro reflete em sua relação com Deus. E a missão? Um outro elemento importante é ir além de suas próprias experiências. Também lançou uma questão para reflexão: Como podemos ter uma consciência missionária na sua essência (universal)? Que mística que nos levará a entender, passar do conhecimento teórico que temos para algo concreto?

Neste sábado, os grupos se encontram novamente para outras discussões. A tarde foi encerrada com a celebração da Santa Missa nos Mutirões.

Por Valesca Montenegro, da Assessoria de Comunicação do 3º CMN 

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