Cruz e Ressurreição


Falando de cruz, relacionamos com Jesus Cristo, pois Ele passa por esta forte experiência. Mas a causa de passar pela cruz é sua opção de vida, isto é, se coloca ao lado dos mais frágeis, opta pelos pobres. Ele entrega sua vida, vai até as últimas consequências. Experimenta a fraqueza na hora da agonia, porque também vive a condição humana. É crucificado na periferia da cidade como malfeitor, desprezado e rejeitado. Morre dando o grito dos pobres, certo de que seria ouvido pelo Pai que escuta o clamor dos pobres (Ex.3).

A cruz não é apenas um símbolo, mas uma realidade da fé cristã; nela Jesus morre e se torna o grande sinal da solidariedade de Deus para com seu povo. Na cruz de Cristo se identificam tantos pobres excluídos, abandonados, desfigurados, miseráveis, deixados de lado sem dignidade, por causa do egoísmo, da falta da partilha, da compaixão e da gratuidade. O próprio Jesus nos ensina tão bem estes valores em sua vida.

Os pobres de hoje são: “o corpo de Cristo crucificado na história”, diz Dom Oscar Romero. Na cruz e no sofrimento dos povos crucificados, acontece o julgamento do mundo. Nós podemos optar: ou escolhemos o amor verdadeiro de Deus e ajudamos a descer os povos crucificados ou recusamos e ficamos indiferentes nos aliando àqueles que vivem como se Deus não existisse. Conforme Mt. 25,31-46 nos pobres acolhemos ou rejeitamos a Deus, nos salvamos ou nos condenamos.

A ressurreição de Jesus confirma que o triunfo final não é a morte, mas a vida. O Ressuscitado é Jesus Nazareno, que anuncia o Reino de Deus aos pobres, denuncia os poderosos, é perseguido, mas se mantém fiel até o fim.

A Ressurreição é triunfo da justiça, do amor aos pequenos, da boa notícia de esperança aos pobres. Tomar partido de Jesus é assumir a defesa da vida, isto é, se colocar ao lado daqueles que são diminuídos e desprezados; assim temos que identificar as situações de hoje, onde se faz necessária a ressurreição, vida nova. No Documento de Aparecida, fala-se dos novos rostos dos pobres: os migrantes, as vítimas de violência, os deslocados e refugiados, as vítimas de tráfico de pessoas e seqüestros, idosos, meninos e meninas vítimas de prostituição, mulheres maltratadas, pessoas que vivem nas ruas das metrópoles, dependentes de vícios, portadores de deficiências, indígenas, afro-americanos, pequenos agricultores sem terra. Com todos eles Jesus se identifica. Continua morrendo, sendo crucificado.

Queremos ser parte, daqueles que ajudam a fazer surgir vida nova, através do nosso empenho missionário, da nossa solidariedade, fortalecendo a esperança nos pequenos gestos e sinais de amor, de serviço, doação e de partilha. Sinais que fazem a diferença. É possível construir um mundo diferente, depende da nossa atitude.

Vivendo este tempo da Páscoa, Ressurreição de Cristo, nos motive a encarnar a Boa Notícia e nos empenhar mais na defesa da vida, onde quer que ela esteja ameaçada.

Feliz Páscoa, com forte abraço.

Pe. Camilo Pauletti, diretor nacional das POM

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