A Campanha da
Fraternidade (CF/CNBB) desde ano aprofunda sobre meio ambiente, a gravidade do
aquecimento global e das mudanças climáticas – causas e consequências. Tem como
tema Fraternidade e a Vida no Planeta e lema A Criação Geme em Dores de Parto
(Rm 8,22). A Campanha Missionária (CM/POM), que culmina em outubro (Mês das
Missões), procura, no Brasil, estar em sintonia com a CF. Neste ano terá como
tema Missão na Ecologia e lema A Misericórdia de Deus É para Todo Ser Vivo
(Eclo 18,12b).
Somos todos moradores de uma mesma casa. Gostando disso ou não, estamos
interligados. Não há como simplesmente virar as costas e não se importar.
Afinal, se ocorresse uma catástrofe em âmbito global, para onde iríamos?
Aquecimento global e mudanças geológicas nada mais são que reações às nossas
ações.
"Sabemos que
a Criação inteira geme e sofre as dores de parto até o presente" (Rm 8,22)
O contexto dessa
afirmação de São Paulo é a descrição da condição humana, marcada pelo pecado e,
no entanto, salva pela graça de Cristo, que introduz na experiência humana a
força restauradora do Espírito Santo. A CF deste ano traz para nossa reflexão a
preocupante situação de nosso planeta, nossa casa, que sofre os efeitos de uma
exploração predatória de seus recursos naturais. A afirmação de Paulo ganha
força nova diante do quadro que vivemos. São Paulo afirma que "a criação
foi submetida à vaidade – não por seu querer, mas por vontade daquele que a
submeteu – na esperança de ela também ser liberta da escravidão da corrupção,
para entrar na liberdade da glória dos filhos de Deus (Rm 8,21-22). O gemido da
Criação aparece hoje na deterioração do meio ambiente, consequência de uma
exploração descuidada e, muitas vezes, gananciosa dos recursos do planeta,
conforme haveremos de aprofundar nesta CF.
A Quaresma é tempo de enfrentar com Jesus as grandes tentações que estão na
raiz de todos os males nascidos das decisões humanas. O Evangelho exige conversão
da consciência individual e coletiva da humanidade, como nos lembrava o Papa
Paulo VI na Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi. Sem esta conversão que
penetre a cultura e se traduza em medidas globais de organização mais justa da
atividade humana em sua relação com a natureza, não será possível reverter o
quadro dramático de destruição das condições de vida saudável em nosso planeta
que se desenha no horizonte de nossa história. Quaresma é tempo de conversão,
conversão profunda que mude os costumes e gere políticas globais de defesa da
vida em todas suas dimensões. Quaresma é tempo de oração e de tomada de posição
diante de uma cultura em que o consumismo desenfreado sustenta a ganância de um
lucro que, em longo prazo, poderá causar irreparável prejuízo para toda a
humanidade. Nesta perspectiva, somos todos chamados a fazer alguma coisa.
Afinal, conversão convida-nos à Missão. Quem nunca pensou em partilhar algo bom
com o outro?
Servindo como um corte transversal, a Campanha Missionária, todo mês de
outubro, vem reforçar o clamor feito pela CF na Quaresma de cada ano. Neste
ano, em sintonia com a CF, a Campanha Missionária quer levar as pessoas e as
comunidades a se comprometerem com a Missão na Ecologia, por meio de gestos
concretos e mudanças de comportamento diante da crise ecológica atual.
Coordenada pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM), a Campanha Missionária
faz um apelo a mais nas questões urgentes não só da Igreja, mas da sociedade e
da comunidade em geral. São elaborados diversos materiais para auxiliar na
animação missionária das paróquias e comunidades, em preparação do Dia Mundial
das Missões. Celebrado no penúltimo domingo daquele mês (23/10 neste ano), este
Dia Mundial pela causa missionária universal, instituído em 1926 pelo Papa Pio
XI, incita à cooperação espiritual e material para aqueles que, espalhados
pelos mais diversos rincões do mundo, necessitam mais que nós.
A oração em que São Francisco de Assis louva a Deus pelas criaturas nos inspire
novas atitudes e nos ajude a ser transformados pelo Espírito de Deus, de modo a
resgatarmos atitudes de quem cultiva e cuida do seu jardim, esta obra
maravilhosa, que hoje requer socorro dos autênticos filhos de Deus, de todos
aqueles que empreendem ações sinceras e despojadas em favor do planeta, tanto
agora, para diminuir o que já causamos, como na preservação, para os outros que
ainda hão de habitar esta casa.
Pe. Marcelo
Gualberto Monteiro, Secretário Nacional da Obra Propagação da Fé
Nota: Texto baseado em artigo sobre a CF de D. Eduardo
Benes de Sales Rodrigues, Arcebispo de Sorocaba, SP.
FONTE: Informativo SIM - POM
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