Juventude Missionária participa da Romaria dos Mártires da Caminhada


Em meio a músicas que cantam esperança e de gritos de luta, cerca de cinco mil romeiros participaram da 6ª Romaria dos Mártires da Caminhada, em Ribeirão Cascalheira (MT). O encontro aconteceu nos dias 16 e 17 de julho e celebrou a paz e esperança dos povos de luta. Romeiros e romeiras de todo o país e de outros três continentes fizeram memória do sangue derramado na promoção da vida.

Em romaria, representação da Juventude Missionária foram presença, com outras expressões juvenis, de uma Igreja jovem que esperança e trabalha por outro mundo. “A Juventude Missionária se alegra por estar na caminhada, reconhecendo a importância de uma juventude inquieta e solidária”, relata Taillany Sousa, JM Araguaína (TO). “Estamos em comunhão pela luta que busca o Bem Viver, em consonância nacional da JM. É preciso ter coragem e esperança, estar ao lado dos povos que vivem a margem, excluídas por um sistema de capital que que oprime e mata principalmente os pequenos”.

Caminhada
Por todo o ambiente era possível sentir a presença dos mártires através da memória eternizada com fotos e relatos de testemunhas dos martírios. Mártires inspiram por suas histórias de coragem, por doarem suas vidas pelo Reino. É o que comenta Neisllany Souza. “Fazer memória àqueles que deram suas vidas pelas causas dos povos indígenas, quilombolas, camponeses e camponesas, pela juventude, e por tantos outros povos e tantas outras causas às quais ainda temos muito o que lutar”, ressalta a jovem missionária do estado do Tocantins. “Meu coração acelerava ao ver tanta gente com os braços e as almas abertas para essas causas”.

A abertura da Romaria foi marcada pelo acendimento da fogueira, cerimônia que resumiu a Caminhada de vários mártires. A presença de dom Pedro Casaldáliga emocionou a multidão, que em suas fragilidades permanece encorajadora. Em seguida, a caminhada martirial levou romeiros e romeiras a cantar esperança de um outro mundo. A procissão que carregava os estandartes dos mártires e velas celebrando a paz e a memória intercalou testemunhos da luta e de denúncias de injustiças sofridas por diversos povos.

Na celebração eucarística no domingo, representantes do povo Guarani-Kaiowá do Mato Grosso do Sul fizeram uma demonstração cultural. Na ocasião apontaram as marcas no corpo causadas pela injustiça que estão sofrendo com ataques de fazendeiros da região. Em meio a denúncias de um cenário opressor e corrupto do sistema político brasileiro, os gritos de indignação presentes na caminhada martirial do dia anterior se repetiram. O coro “Fora, Temer!” repetiu-se uma vez.

Matopiba
Na programação a roda de conversa “Cerrado, berço das águas: Comunidades afetadas por agrotóxicos e conflitos no Araguaia” discutiu a ameaça que a vida e as comunidades que o preservam vêm sofrendo com os latifúndios e a fronteira agrícola. Fez-se referência ao projeto do Governo Federal Matopiba, sigla que  remete a região considerada a grande fronteira agrícola nacional formada pelos estados Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. A cultura principal nas principais regiões produtoras do Matopiba concentra-se atualmente na soja. A crítica feita ao projeto é que, em prol a lógica capitalista, estimula-se a destruição de comunidades quilombolas, aldeias indígenas e pequenas propriedades de produção pela agricultura familiar.

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