A formação do jovem discípulo


A vocação e o compromisso de ser discípulo missionário de Jesus, hoje em dia, implicam em se dispor à capacitação. O discipulado ao Nazareno requer clara opção pela formação e deve ocorrer em todas as dimensões que compõem o ser humano. “Com Ele podemos desenvolver as potencialidades que há nas pessoas e formar discípulos missionários” (DAp 276). Os caminhos da formação do jovem missionário têm o convite pessoal de Jesus como seu primeiro passo. Esse convite feito pela comunidade é um chamado ao amadurecimento na missão do próprio filho de Deus. Por sua vez, além de exigir uma resposta radical – sim ou não - também demanda dedicação e empenho.

O itinerário que devemos percorrer e todo o processo de formação do jovem missionário têm como missão nos ajudar a encontrar sempre com Jesus e, assim, o reconhecer no irmão. Acolhê-Lo principalmente nos pobres e anunciá-Lo em todas as realidades (cf. DAp 279).

A espiritualidade libertadora e profética a que somos chamados a alimentar faz, da vida, a morada do sagrado. A partir da sensibilidade ao Espírito Santo, a juventude, que é missionária, tem como urgência fazer brotar a semente do Verbo nas periferias geográficas ou existenciais, como nos lembra o papa Francisco. Para isso, a nossa formação deve abranger diversas dimensões, as quais se integram harmonicamente ao longo do tecer dos fios que formam a teia de uma nova solidariedade que está “à altura da vida nova em Cristo” (DAp 281). Essa teia é tecida com fios das dimensões humanas, comunitárias, espirituais, intelectuais e pastorais e tem como agulha de tear a dimensão missionária (cf. DAp 280).

A Escuta
As juventudes estão envoltas por inúmeras propostas de vida. É a fase de firmar convicções e organizar o futuro. É tempo de formar-se para o amadurecimento profissional, emocional, humano e espiritual a fim de conservar a harmonia entre todas as dimensões que compõem o sujeito. Por isso, a juventude é uma fase em que se vive inquieto e na qual as incertezas afloram mais do que em qualquer outro tempo. Por isso é preciso parar e escutar, de novo, o Senhor Jesus, a Sua Palavra que é sua pessoa. No primeiro módulo somos chamados à escuta atenta de nosso eu, do meu irmão e das realidades do mundo para assim encontrar Jesus em todas elas.

O Encontro
As juventudes do nosso Continente, principalmente a da América Latina, nasceram em uma cultura religiosa. Por mais que se viva em uma cultura pluricultural e secular, os nascidos a partir dos anos 1980 têm sua infância marcada pela tradição cristã. Por isso, é uma realidade considerada “evangelizada”. Somos batizados, recebemos os sacramentos da confirmação do batismo, vamos à missa frequentemente. Mas, conhecemos a quem seguimos? Qual é sua proposta de vida? Quem é Ele de fato? No segundo módulo os grupos de Juventude Missionária são convidados a investigar a vida de Jesus e reinculturar a fé para reencontrar-se com o Nazareno.

O Seguimento
Toda pessoa amadurece sua fé no conhecimento, amor e seguimento a Jesus (cf. DAp 278). Encontrar-se com o Messias e assumir o compromisso de segui-Lo implica compreender sua pessoa e as perspectivas da humanidade inauguradas por Ele. É preciso ter a clareza de saber que não se está seguindo um mágico ou um empresário bem sucedido, mas o humano completo que, a partir da pobreza, iniciou o Reino de justiça e paz. Jesus foi enviado ao mundo como mediador entre Deus e os seres humanos. Viveu na história e habitou o mundo. No terceiro módulo da JJM somos convidados a viver o seguimento ao Jesus histórico e, assim, compreendê-lo presente no meio de nós, encarnado nas pessoas, principalmente nos mais sofredores.

A Missão
A missão nasce da escuta, como transbordamento do encontro com a pessoa de Jesus de Nazaré. Surge da intimidade com Ele. Do encantamento. Do discipulado. “Quem se apaixona por Jesus Cristo, deve igualmente transbordar Jesus Cristo” (DGAE 2011-2015). Se chegará à missão caso seja bem desenvolvido o processo da escuta, do encontro e do seguimento. Para isso, é preciso seguir as opções de Jesus, como desejo de imitá-Lo. Nesse itinerário somos convocados a fazer da alegria e da esperança, da tristeza e da angústia dos seres humanos do tempo atual, sobretudo dos pobres e dos aflitos, também a nossa alegria e esperança, nossa tristeza e angústia, já que em Jesus assumimos a aliança com o mundo. (cf. GS 1). Assim, a partir da espiritualidade martirial de inteira doação, o quarto módulo nos convida para a missão junto às realidades que mais necessitam para que sejamos presença de Jesus junto aos que ainda estão crucificados.


A Jornada do Jovem Missionário
O caminho a ser percorrido no ano de 2015, a partir da Jornada do Jovem Missionário (JJM), deseja disponibilizar aos jovens os fios para que sejam protagonistas no tecer da história de suas vidas, da vida dos grupos, da caminhada da Igreja e da transformação da sociedade. É uma proposta que almeja nos educar na fé e em sua mundialidade e, assim, permitir um verdadeiro encontro, seguimento e anúncio de Jesus de Nazaré, o humano completo.

A JJM será disponibilizada mensalmente a partir de abril no site das Pontifícias Obras Missionárias (www.pom.org.br). Ela é uma construção mútua das coordenações estaduais da Juventude Missionária com o trabalho de missionárias e missionários que se dispuseram a colaborar no processo de formação das juventudes.A construção da JJM merece fazer um agradecimento especial ao padre Maurício Jardim, membro do clero da arquidiocese de Porto Alegre (RS), e ao jovem Marciano Pereira, professor de filosofia em Passo Fundo (RS).

Como uma catequese permanente, a vida dos grupos de Juventude Missionária deve recordar que o caminho de formação dos primeiros cristãos “teve sempre o caráter de experiência, na qual era determinante o encontro vivo com Cristo” (cf. DAp 290). Essas são características dos primeiros cristãos que devemos comungar e seguir. Ela implica em permanente saída e o constante diálogo com a vida em sociedade.

Para 2015 a JJM foi organizada em quatro módulos. A orientação é que cada módulo seja vivenciado durante dois meses, por sua composição em dois temas geradores. Cada tema gerador respeita a pedagogia das quatro áreas integradas (ver, julgar, agir e celebrar), a qual garante o carisma e a metodologia das Obras Missionárias.

Guilherme Cavalli,
Secretário Nacional da Pontifícia Obra da Propagação da Fé

Comentários