Famílias Missionárias refletem sobre Missão e elaboram subsídio para grupos


A Pontifícia Obra da Propagação da Fé (POPF), promove neste final de semana, dias 13 a 15, na sede das Pontifícias Obras Missionárias, em Brasília (DF), mais um encontro com representantes das Famílias Missionárias. Participam da reunião sete casais vindos de diversas partes do Brasil com a tarefa de elaborar uma espécie de manual com roteiros para encontros de grupos de Famílias Missionárias.

O subsídio inclui metodologia, identidade e perfil dos grupos animados pelas POM e é fruto de reflexões que já acontecem nos grupos. O secretário nacional da POPF, Guilherme Cavalli, explica que, “a partir desse subsídio, os grupos de Famílias Missionárias continuarão o trabalho para despertar ainda mais a vocação missionária comprometida com o anúncio do Evangelho em seu ambiente e além-fronteiras, agora a partir da Igreja doméstica”. Guilherme explica ainda, que os grupos de Infância, Adolescência e Juventude Missionária, deverão propor às famílias nas bases a vocação missionária.


Após celebração Eucarística, o trabalho de construção coletiva do manual foi antecedido, na manhã deste sábado, 14, por um momento de formação sobre a identidade e a espiritualidade das Famílias Missionárias (FM). Conduziu a reflexão o padre Sávio Corinaldesi, SX, secretário nacional da Pontifícia Obra de São Pedro Apóstolo, que em sua explanação retomou alguns documentos sobre a Missão da Igreja.

A família é patrimônio da humanidade, porque é mediante ela que, conforme o desígnio de Deus, deve-se prolongar a presença do ser humano sobre a terra”, recordou padre Sávio. Em seguida, citou um trecho da Mensagem do papa São João Paulo II para o Dia Mundial das Missões de 1981, onde diz: “A evangelização da família constitui, pois, o objetivo principal da ação pastoral, e esta, por sua vez, não alcança plenamente a própria finalidade, se as famílias cristãs não se convertem, elas mesmas, em evangelizadoras e missionárias”.

O religioso defendeu que, “não podemos ter uma Família Missionária se não tivermos famílias sadias. Isso porque é dentro de casa que os filhos aprendem a amar, se relacionar, respeitar...”.

Outro aspecto abordado pelo assessor foi a concepção de Missão, palavra hoje muito utilizada para designar qualquer atividade de evangelização. Para esclarecer os conceitos, padre Sávio retomou a Encíclica Redemptoris Missio (1990) de São João Paulo II. “A atividade missionária específica, ou missão ad gentes, tem como destinatários ‘os povos ou grupos que ainda não creem em Cristo’(...) É preciso evitar, por isso, que esta ‘tarefa especificamente missionária, que Jesus confiou e continua quotidianamente a confiar à Sua Igreja’, se torne numa realidade diluída na missão global de todo o Povo de Deus, ficando desse modo descurada ou esquecida” (RM 34).

Ele recordou as três situações de missão distinguida pela Encíclica: a missão ad gentes entendida como primeiro anúncio (70%); o cuidado Pastoral (3%) e a Nova Evangelização (27%). Com isso questionou sobre o tempo e a energia gasta pelas comunidades cristãs em cada uma das situações e observou que “quase a totalidade das forças está concentrada no cuidado Pastoral de manutenção. Uma Igreja que quer ser missionária deve se preocupar com o campo da missão ad gentes”.

Para ilustrar essa atitude, padre Sávio utilizou a parábola do “bom samaritano” onde o sacerdote e o levita, preocupados com os afazeres do Templo, ao ver o homem caído à beira do caminho, passaram adiante. O samaritano, por sua vez, movido de compaixão, aproximou-se e tomou conta dele. “Com esta história Jesus revela sua própria identidade”, afirmou para, na sequência, questionar: “Qual é a característica da Família Missionária? Precisamos ter um diferencial para não sermos mais um grupo entre tantos que já existem”, complementou.


Padre Sávio trouxe ainda uma reflexão do Documento de Aparecida. “Para não cair na armadilha de nos fechar em nós mesmos, devemos nos formar como discípulos missionários sem fronteiras, dispostos a ir ‘à outra margem’, àquela na qual Cristo não é ainda reconhecido como Deus e Senhor, e a Igreja não está presente” (DAp 376)

“É dando a fé que ela se fortalece (RM 2). Este é o padrão de Missão das Pontifícias Obras Missionárias”, finalizou padre Sávio.

A formação contou com um momento de partilha após o qual, organizados em grupos, os casais trabalharam na elaboração do subsídio.

Robson e Renata Ferreira vieram de Franca (SP). O casal articula o trabalho com as Famílias Missionárias (FM) no estado de São Paulo. “Acreditamos que a família é um elemento importante na causa missionária. Primeiramente porque é no seio da família que surgem e se desenvolvem as vocações missionárias. Além disso, diante de um contexto social de degradação, as famílias têm um desafio de ajudar e motivar outras famílias com o testemunho cotidiano em favor da vida, em qualquer parte do mundo”, comenta Robson.

Residentes em Palmas (TO), o casal José Domingos e Luzia trouxe para o encontro, o pequeno Háricrys de apenas 11 meses de idade. Para eles o encontro favorece a discussão de pontos importantes sobre as Famílias Missionárias. José Domingos entende que as FM “não podemos ser apenas mais um grupo paroquial. Temos de fazer a diferença no modo de trabalhar como família e não somente o casal, mas buscar outras famílias na comunidade”, afirma.


FONTE: POM - 14/06/2014

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