#JMJRio2013: A missa do Papa em Aparecida: Francisco conclui celebração prometendo voltar ao Brasil em 2017
Vivendo seu terceiro dia em terras brasileiras, aonde chegou nesta segunda-feira qual peregrino número 1 desta XXVIII Jornada Mundial da Juventude, o Papa Francisco deixou pouco depois das 8h locais a residência arquiepiscopal do Sumaré, no Rio de Janeiro – onde se encontra hospedado – para a tão aguardada visita ao Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em Aparecida, SP, padroeira do Brasil.
Após passar de papamóvel lentamente pela multidão abençoando os presentes, entre os quais muitas crianças, o Papa dirigiu-se diretamente à Capela dedicada aos 12 Apóstolos, onde é custodiada a pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Após recitar com os presentes uma oração à Mãe Aparecida, o Pontífice retirou-se para a Sacristia, onde se paramentou para a celebração eucarística realizada dentro da Basílica, com a participação de 12 mil fiéis e dos bispos da Província eclesiástica local. Cerca de 200 mil pessoas acompanharam a celebração pelos telões montados do lado de fora do Santuário.
No início da missa o Arcebispo de Aparecida, Cardeal Raymundo Damasceno Assis, dirigiu uma saudação ao Papa.
Após expressar a grande satisfação por acolher o Sucessor de Pedro e aludir à devoção dos milhares de romeiros que peregrinam para este lugar abençoado pela imagem milagrosa encontrada no rio Paraíba em 1717, disse o purpurado: "Este Santuário é um importante “ícone” religioso nacional. Ao visitá-lo, podemos dizer que, simbolicamente Vossa Santidade está visitando todo o Brasil. É uma visita de peregrino, com a qual Vossa Santidade quis confiar a Nossa Senhora o grande acontecimento dos próximos dias, que é a 27a Jornada Mundial da Juventude. Todos nós nos unimos a esta oração, para que o encontro da juventude com o Sucessor de Pedro fortaleça a fé e o amor de nossos jovens a Jesus Cristo e suscite em todos eles aquele ardor missionário que se traduz no lema da Jornada: “ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19)."
Após recordar a visita ao Santuário feita pelos papas João Paulo II (1980) e Bento XVI (2007), Dom Raymundo falou sobre a réplica da Imagem de Nossa Senhora de Aparecida que em seguida lhe entregaria referindo-se ao fato de a cor negra da pequena imagem ser interpretada como uma referência aos sofrimentos dos pobres e excluídos, "especialmente do povo negro, ao longo da história do Brasil".
"Por meio da imagem que será dada a Vossa Santidade, peço a Nossa Senhora, em nome do povo brasileiro, que acompanhe e abençoe o Vosso ministério", disse o arcebispo de Aparecida, reiterando ao Papa o afeto e reverência filial.
No início da homilia da missa, o Papa Francisco referiu-se a sua visita à Basílica de Santa Maria Maior, no dia seguinte ao da sua eleição como Bispo de Roma, para confiar a Nossa Senhora o seu ministério de Sucessor de Pedro.
Em seguida, o Papa disse ter ido a Aparecida para "suplicar a Maria, nossa Mãe, o bom êxito da Jornada Mundial da Juventude e colocar aos seus pés a vida do povo latino-americano".
O Santo Padre expressou sua experiência vivida seis anos atrás em Aparecida: "Neste Santuário, seis anos atrás, quando aqui se realizou a V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, pude dar-me conta pessoalmente de um fato belíssimo: ver como os Bispos – que trabalharam sobre o tema do encontro com Cristo, discipulado e missão – eram animados, acompanhados e, em certo sentido, inspirados pelos milhares de peregrinos que vinham diariamente confiar a sua vida a Nossa Senhora: aquela Conferência foi um grande momento de vida de Igreja. E, de fato, pode-se dizer que o Documento de Aparecida nasceu justamente deste encontro entre os trabalhos dos Pastores e a fé simples dos romeiros, sob a proteção maternal de Maria. A Igreja, quando busca Cristo, bate sempre à casa da Mãe e pede: “Mostrai-nos Jesus”. É de Maria que se aprende o verdadeiro discipulado. E, por isso, a Igreja sai em missão sempre na esteira de Maria."
"Assim – prosseguiu –, de cara à Jornada Mundial da Juventude que me trouxe até o Brasil, também eu venho hoje bater à porta da casa de Maria, que amou e educou Jesus, para que ajude a todos nós, os Pastores do Povo de Deus, aos pais e aos educadores, a transmitir aos nossos jovens os valores que farão deles construtores de um País e de um mundo mais justo, solidário e fraterno."
Para tal, o Santo Padre quis chamar a atenção para três simples posturas: Conservar a esperança; deixar-se surpreender por Deus; viver na alegria.
"Frente ao desânimo que poderia aparecer na vida, em quem trabalha na evangelização ou em quem se esforça por viver a fé como pai e mãe de família, quero dizer com força: Tenham sempre no coração esta certeza! Deus caminha a seu lado, nunca lhes deixa desamparados! Nunca percamos a esperança! Nunca deixemos que ela se apague nos nossos corações!"
"Queridos irmãos e irmãs, sejamos luzeiros de esperança! Tenhamos uma visão positiva sobre a realidade. Encorajemos a generosidade que caracteriza os jovens, acompanhando-lhes no processo de se tornarem protagonistas da construção de um mundo melhor: eles são um motor potente para a Igreja e para a sociedade. Eles não precisam só de coisas, precisam sobretudo que lhes sejam propostos aqueles valores imateriais que são o coração espiritual de um povo, a memória de um povo. Neste Santuário, que faz parte da memória do Brasil, podemos quase que apalpá-los: espiritualidade, generosidade, solidariedade, perseverança, fraternidade, alegria; trata-se de valores que encontram a sua raiz mais profunda na fé cristã."
A segunda postura, recordou, é "Deixar-se surpreender por Deus". Quem é homem e mulher de esperança "sabe que, mesmo em meio às dificuldades, Deus atua e nos surpreende", frisou.
Em seguida, referindo-se à pesca milagrosa da Aparição da imagem de Nossa Senhora nas águas do rio Parnaíba, o Papa Francisco observou: "Quem poderia imaginar que o lugar de uma pesca infrutífera, tornar-se-ia o lugar onde todos os brasileiros podem se sentir filhos de uma mesma Mãe? Deus sempre surpreende, como o vinho novo, no Evangelho que ouvimos. Deus sempre nos reserva o melhor. Mas pede que nos deixemos surpreender pelo seu amor, que acolhamos as suas surpresas. Confiemos em Deus! Longe d’Ele, o vinho da alegria, o vinho da esperança, se esgota."
"Se nos aproximamos d’Ele, se permanecemos com Ele, aquilo que parece água fria, aquilo que é dificuldade, aquilo que é pecado, se transforma em vinho novo de amizade com Ele", continuou.
Referindo-se à terceira postura, "Viver na alegria", disse: "Queridos amigos, se caminhamos na esperança, deixando-nos surpreender pelo vinho novo que Jesus nos oferece, há alegria no nosso coração e não podemos deixar de ser testemunhas dessa alegria. O cristão é alegre, nunca está triste. Deus nos acompanha. Temos uma Mãe que sempre intercede pela vida dos seus filhos, por nós, como a rainha Ester na primeira leitura (cf. Est 5, 3). Jesus nos mostrou que a face de Deus é a de um Pai que nos ama. O pecado e a morte foram derrotados. O cristão não pode ser pessimista! Não pode ter uma cara de quem parece num constante estado de luto. Se estivermos verdadeiramente enamorados de Cristo e sentirmos o quanto Ele nos ama, o nosso coração se “incendiará” de tal alegria que contagiará quem estiver ao nosso lado. Como dizia Bento XVI: «O discípulo sabe que sem Cristo não há luz, não há esperança, não há amor, não há futuro” (Discurso inaugural da Conferência de Aparecida [13 de maio de 2007]: Insegnamenti III/1 [2007], 861)."
O Santo Padre concluiu sua homilia referindo-se às palavras de Maria "Fazei o que Ele vos disser", dizendo que nos comprometemos a fazer o que Jesus nos disser! "E o faremos com esperança, confiantes nas surpresas de Deus e cheios de alegria".
Durante a celebração o Santo Padre doou um cálice ao Santuário, e antes da Bênção final consagrou seu Pontificado à Virge. Após a missa, fez uma saudação aos milhares de fiéis e peregrinos que se encontravam do lado de fora do Santuário.
O Papa despediu-se surpreendendo a todos ao anunciar que em 2017 voltará ao Brasil, por ocasião dos 300 anos da pesca milagrosa na qual foi pescada a pequena imagem da Virgem Maria que, justamente, foi chamada de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Com a visita a Aparecida introduzida na programação por sua expressa vontade, o Papa quis confiar a Nossa Senhora o bom êxito desta JMJ e a ela consagrar o seu Pontificado.
Fonte: Rádio Vaticano - 24/07/2013
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