Palavra de Deus, água em terra seca!



Querid@s jovens este mês de setembro somos convidados a nos colocar em relação mais próxima com a Palavra de Deus e perceber tamanha responsabilidade que temos em anunciar esta palavra que em muitos lugares é como a chuva que lava ou como o fogo que queima, sempre deixa um sinal.

A Exortação Apostólica Pós – Sinodal: A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja nos ilumina esta necessidade:
93. Por conseguinte, a missão da Igreja não pode ser considerada como realidade facultativa ou suplementar da vida eclesial. Trata-se de deixar que o Espírito Santo nos assimile a Cristo, participando assim na sua própria missão: «Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós» (Jo 20, 21), de modo a comunicar a Palavra com a vida inteira. É a própria Palavra que nos impele para os irmãos: é a Palavra que ilumina, purifica, converte; nós somos apenas servidores. Por isso, é necessário descobrir cada vez mais a urgência e a beleza de anunciar a Palavra para a vinda do Reino de Deus, que o próprio Cristo pregou.[...]
Andando pelos rincões deste nosso Brasil assessorando encontros da Juventude Missionária, pude perceber quanta animação e vivacidade da Igreja expressada no rosto juvenil, mas ainda percebemos algo muito próximo de nós enquanto batizados que deve ser dissipado: o reducionismo missionário.

Percebe-se em meio a nossa Igreja uma grande abertura a missão, vários encontros de animação missionária vêm acontecendo no nosso país, vários temas têm a missão como mola propulsora de reflexão. Mas, ainda é muito tímida a abertura da missão enquanto saída a outras realidades.

Missões “ad intra” dentro da própria comunidade, paróquia, diocese é sim importante, mas o católico (καθολικος – katholikós, com o significado de "universal”) deve estar atento a missão além fronteira, Ad Gentes.

Percebi em alguns lugares uma tendência muito forte em querer simplificar, reduzir missões em apenas momentos e lugares, enquanto que a missão deveria permear em todas as realidades das atividades de pastorais, movimentos, associações e organismos da Igreja.

Não deveríamos fazer nenhum encontro de animação missionária na Igreja ! Ora, se a Igreja peregrina é por sua natureza missionária (AG 2), logo toda a atividade da Igreja deveria ser missionária, então não precisaria de encontros para animar ou lembrar que somos todos missionários.


Portanto, a Palavra de Deus é como uma mola propulsora e não redutora, devo ir além de meu quintal, de minha paróquia, de minha diocese. O que aconteceria com o cristianismo se Paulo estivesse preocupado somente com os judeus? A cada 100 pessoas no mundo, 70 não sabem quem é Jesus Cristo, 27 já escutaram falar, mas vivem como se não tivesse escutado, e 3 estão perseverantes em nossas paróquias. E quanto ao nosso trabalho pastoral de evangelização? 70% estão voltados para as 3 pessoas perseverantes nas paróquias, 27% voltado para aqueles que foram batizados, mas estão por aí nas diversas igrejas e 3% para os 70 de 100 que não escutaram falar de Jesus.

Assim é preciso inverter esta situação. Ou a Palavra de Deus nos torna discípulos missionários para ir além de nosso umbigo ou ficaremos sempre chovendo no molhado e onde a terra é seca não há água para florescer a relva e as árvores darem seus frutos.

Pe. Marcelo Gualberto
Secretário Nacional da Pontifícia Obra da Propagação da Fé
Publicado na Revista Mundo e Missão em Setembro / 2012

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