Sabemos que, se a Igreja quiser dar resposta aos desafios da Missão, principalmente àquela mais exigente e de fronteiras, deve contar com o dinamismo e a força da juventude. Ousadia, vitalidade e criatividade são algumas das suas mais valiosas características, que podem liderar ações evangelizadoras. Por outro lado, a Igreja sempre teve dificuldades de lidar com a juventude e aceitar o seu protagonismo. Estas e outras questões fazem parte da lista de preocupações das pastorais da juventude e movimentos. A juventude pede passagem e reivindica o seu jeito de ser Igreja. Um modo de ser Igreja Jovem, concebida como espaço de comunhão e participação, de justiça e profecia. Contudo, se a juventude quiser marcar diferença deve se preparar, mergulhar em estudos e investir na formação. Isso exige disciplina e aplicação para vencer a tentação de contentar-se com banalidades e modismos que chegam causando alvoroço, mas logo desparecem sem agregar conteúdo.
Quanto à educação, no Brasil, cerca de 3,8 milhões de crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos estavam fora da escola em 2010. Nenhum estado atingiu a meta do movimento "Todos pela Educação" para aquele ano, que era de 93,4% de acesso. E a decisão de valorizar os professores com o reajuste do piso salarial, para chegar perto do que pede a própria Constituição, encontra resistência.
Olhando para o interior da nossa Igreja, em geral percebemos a ausência da juventude na vida das comunidades. Grandes eventos como a Jornada Mundial da Juventude - JMJ, e alguns shows católicos movimentam os jovens e atrai a atenção da mídia, o que muitas vezes os convertem em espetáculos de fé. Essas iniciativas sem um trabalho consistente não formam pessoas comprometidas, não criam raízes e dificilmente concretizam projetos transformadores. Temos a convicção de que, se a juventude não se organizar em grupos de base nas comunidades, incluindo jovens indiferentes e afastados, dificilmente teremos uma Igreja Jovem e atuante. O caminho não se faz com triunfalismo ou espetáculo, mas alicerçado nos valores evangélicos, com uma séria reflexão que leve a juventude a articular fé com a questão pública, gerando projetos reais. Nesse sentido, organização, identidade e ações concretas podem contribuir para um trabalho consistente na formação de cidadãos com personalidade. Assim formaremos jovens protagonistas e agentes de transformação.
Jaime Carlos Patias, imc
Diretor da Revista Missões.
Fonte: Revista Missões
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Abraço ;)