Paulina Jaricot - Mulher Missionária

“Mas minha vocação impede-me de fixar a atenção em apenas uma obra, a ponto de esquecer-me das demais... Desejo permanecer livre para ir onde as necessidades são maiores”

No século XIX eclodiram grandes iniciativas missionárias da Igreja, de grandes apóstolos. A maioria das obras missionárias e dos institutos missionários. masculinos e femininos, surgiu naquele século e, nem sempre, foram intuição, iniciativa e trabalho de religiosos e religiosas.As grandes obras missionárias, que mais cativaram o povo, foram realizadas por mulheres leigas. Paulina Jaricot, fundadora da Obra da Propagação da Fé, mobilizou o povo europeu a compreender e a ajudar os missionários. Joana Bigard fundou a Obra Missionária de São Pedro Apóstolo para auxiliar a formar missionários e missionárias, nativos nas regiões de missão.

Paulina Jaricot

Paulina Jaricot nasceu em Lion, na França, em 1799, de uma família burguesa, proprietária de uma fábrica de seda. Ela recebeu profunda educação cristã. Após a morte da mãe, em 1816, resolveu dedicar-se a Deus. Por meio do irmão, Filéias, seminarista do Seminário de Saint-Sulpice, em Paris, onde se preparava para ser missionário, Paulina conheceu a difícil situação das missões. Em 1833, reuniu um grupo de amigas para colaborar com as missões, através de orações e do recolhimento de fundos, além de divulgar o ideal missionário entre os católicos franceses e do mundo inteiro. Paulina não se prendeu ao grupo de amigas. Em seu coração amadureceu algo mais organizado, que suscitaria o próprio entusiasmo a ser instrumento de verdadeira ajuda para todas as missões.

O grande projeto de Paulina Jaricot se converteria na Obra da Propagação da Fé, à qual, por sugestão do irmão, missionário na China, ela se consagrou inteiramente. “Mas minha vocação”, escreveu Paulina, “impede-me de fixar a atenção em apenas uma obra, a ponto de esquecer-me das demais... Desejo permanecer livre para ir onde as necessidades são maiores”.

Então fundou outras obras: o Rosário Vivo (em 1826); a Obra da Boa Imprensa (bibliotecas populares e volantes, em 1826); o Banco do Céu (em 1830); a Congregação de Filhas de Maria (em 1831) e, ainda, foi animadora de outra grande obra, a “Infância Missionária”, iniciada por dom Carlos Forbim Janson, bispo de Nancy, em 1843. Paulina Jaricot tinha grandes iniciativas. Movida por profunda intuição, fundou obras que precederam seu tempo, seja no campo espiritual, seja no campo social.

Era mulher de extraordinária grandeza e de ampla visão sobre as necessidades da Igreja, a ponto de nem ser compreendida, às vezes, pelos superiores eclesiásticos. Suas iniciativas revelavam um espírito sumamente prático, capaz de dar corpo e vida a uma idéia. Aparentemente simples, elas denotavam, porém, a exata percepção da realidade social e espiritual de seu tempo. A Obra da Propagação da Fé se espalhou, em poucos anos, por toda a Igreja e suscitou fervor missionário entre o povo, sacerdotes, seminaristas e religiosos e, por isso mesmo, o século XIX é definido como a primavera do espírito missionário da Igreja.

A missão saiu do âmbito dos institutos, que enviavam sacerdotes e religiosas, e envolveu todo o povo, através de suas orações, colaboração e interesse. As cartas de missionários e missionárias, que Paulina publicava, mantiveram viva a chama missionária. A Igreja assumiu oficialmente a Obra da Propagação da Fé. A partir de 1922, o papa Pio XI oficializou-a como Pontifícia Obra da Propagação da Fé. Hoje ela atua em mais de 115 países. Em 25 de fevereiro de 1963, o Papa João XXIII assinou o decreto que proclama a heroicidade das virtudes de Paulina Jaricot e a declarou “Venerável”, o que a coloca no caminho da beatificação.

Ernesto Arosio

FONTE: http://www.pime.org.br

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