Em outros tempos quando se falava de mês missionário éramos logo levados a pensar naquelas regiões onde a Igreja ainda não se havia implantado plenamente: a missão “Ad Gentes”, título do decreto do Concílio Vat. II sobre a vocação missionária da Igreja. Outro aspecto, entretanto, da missão, a missão “ad intra”, para afervorar a vida cristã em nações onde a Igreja já está solidamente constituída, é igualmente importante. Todos temos notícia das missões pregadas, de tempos em tempos, pelos padres missionários. Era uma graça extraordinária que renovava a fé e melhorava a vida moral de nossa gente, recordando-lhe as verdades fundamentais da fé católica e os mandamentos da lei de Deus, tendo na confissão sacramental, na legitimação de casamentos e na comunhão eucarística seu momento alto.
De Aparecida brotou como seu fruto imediato a “Missão Continental” á qual assim se referiu o Papa Bento XVI: “para mim foi motivo de alegria conhecer o desejo de realizar uma MISSÀO CONTINENTAL que as Conferências Episcopais e cada diocese são chamadas a estudar e a realizar, convocando para isso todas as forças vivas, de modo que, caminhando a partir de Cristo, busque-se sua face”. A Missão Continental não pode ser entendida como um momento transitório, ainda que intenso, de empenho missionário, mas deve ser entendida como uma conversão profunda e permanente da Igreja em suas estruturas, a partir do coração das pessoas, de modo que o anúncio do evangelho flua permanentemente para as pessoas e para a sociedade. Neste sentido as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) nos oferecem um roteiro sintético e objetivo de reflexão e de indicações para implantarmos em nossas paróquias e em outras instituições eclesiais – centros de ensino, pastorais e movimentos - as propostas de Aparecida.
Esse processo acontecerá na medida em que houver comunidades vivas de discípulos que haverão de brilhar como luz no coração do mundo. Viveremos no Brasil até o grande encontro de jovens no Rio de Janeiro, em 2013, um significativo processo de animação missionária de nossa juventude. Bento XVI deu-nos como lema da Jornada Mundial da Juventude exatamente a proposta de Aparecida: “Ide, pois, e fazei discípulos entre todas as nações”.
O Papa, na mensagem aos jovens em Madri, falou da necessidade de ouvir a palavra de Cristo, “Amigo que não engana” e advertia: “Bem sabeis que, quando não se caminha ao lado de Cristo, que nos guia, extraviamo-nos por outras sendas como a dos nossos próprios impulsos cegos e egoístas, a de propostas lisonjeiras mas interesseiras, enganadoras e volúveis, que atrás de si deixam o vazio e a frustração”. Jovens, sejam missionários de seus irmãos de juventude, não os deixem morrer de fome.
Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues
Arcebispo de Sorocaba - SP
FONTE: http://catecismojovem.blogspot.com
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