Um ano em Moçambique

Faz um ano, saímos de Guarulhos, SP, com destino ao continente africano: Ir. Clara Maria Schmidt, alemã residente no Brasil, da Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora dos Anjos; Pe. Paulo Sérgio Cutrim, do clero diocesano de São Luís, MA; Célia das Graças Couto, brasileira leiga consagrada; e eu. Alguns meses depois vieram Ir. Maria Célia da Silva Souza, brasileira, das Irmãs Franciscanas Bernardinas, e Teone Pereira dos Santos e Maria das Graças Sousa Rosa Martins, brasileiras leigas missionárias. Todos do Projeto Além-Fronteiras, dos Regionais Nordeste 4 e 5 (Maranhão e Piauí) da CNBB, a serviço da Diocese de Lichinga, no norte de Moçambique.
Nossas bases de trabalho ficam nas cidades de Cuamba e Nipepe. São cidades pequenas, sem asfalto, com muita poeira. Nelas se encontra um pouco de tudo: banco, escritório de migração, cartório, lojas (muitas com produtos do Brasil e de outros países). Cuamba é o segundo maior município da Província de Niassa e Nipepe é um distrito, também nessa província, cuja capital é Lichinga. Em Cuamba funciona uma escola secundária da diocese e uma universidade católica de agricultura, para formar machambeiros (agricultores).
Em Cuamba vivemos Maria das Graças Rosa, Teone Pereira da Silva e eu. Fazemos parte da Equipe Missionária composta pelas Irmãs Capuchinhas (brasileiras), pelos Leigos para o Desenvolvimento (portugueses), pelas Irmãs da Imaculada Conceição (moçambicanas) e por nós do Projeto Além-Fronteiras. Trabalhamos na Paróquia de São Miguel Arcanjo, que está sob a responsabilidade dos padres da Consolata. Desenvolvemos atividades com as mulheres, jovens e crianças. Acompanhamos os postos de saúde da diocese, dedicando-nos também ao atendimento a doentes pelo método da bioenergética e tratamento com plantas medicinais. Damos acompanhamento à catequese paroquial e assessoramos os dirigentes dos Grupos da Infância e Adolescência Missionária (IAM).
Com a IAM temos uma vasta programação, que inclui preparação da Celebração da Palavra e homilia dominical, retiros, visitas às comunidades durante a Quaresma e Tempo Pascal, que são caminhadas de até cinco quilômetros com as crianças e adolescentes. Colaboramos numa escolinha de comunidade, que oferece reforço escolar, alfabetização e aulas de inglês. No mês de julho acompanhamos a “colônia de férias”, que são momentos de convívio fraterno, reflexão e partilha sobre temas formativos, oração, oficinas de artesanato, teatro, danças, cantos, poesias...
Com as mulheres, trabalhamos na sua promoção, ensinando corte e costura, artesanato, tricô e crochê. Também assessoramos encontros sobre associativismos, alimentação e saúde da mulher e da criança. Na comunidade de Mulevala, com 96 mulheres, iniciamos um trabalho sobre medicina verde, que durou só quatro meses, devido à morte prematura do Pe. Domingos, responsável pela Missão, vítima de acidente de carro. Contudo, continuamos atendendo aos doentes, uma semana por mês, na Diocese de Gurue, na Província da Zambézia.
As dificuldades encontradas (malárias, parasitas e outras enfermidades que surgem) são pouca coisa, diante das oportunidades, aprendizagem e alegrias proporcionadas pela convivência com este povo.
Louvo e agradeço a Deus por esta oportunidade que me foi dada e que deixa o desejo de querer continuar mais e mais.
Cuamba, 5 de agosto de 2008.
Rai Soares Missionária leiga em Cuamba (Moçambique) rai12soares@gmail.com

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